Nocturna
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Nocturna Capítulo 2

A chegada do circo

Publicado em 04/11/2023

Parece que nos encontramos novamente, ávido/a leitor/a. Tudo que posso oferecer em gratidão por estar lendo minha história é o desejo sincero de uma leitura cativante. Espero que nossos caminhos se entrelacem mais uma vez com o lançamento do próximo capítulo. Por ora, fique com o capítulo.

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Cena 1

Nocturna estava em completa agitação. Isso era ainda mais perceptível pelo fato de a cidade ser extremamente pequena e naturalmente pacata. Pessoas andavam de um lado para o outro com caixas em mãos, sorrisos à mostra, deixando claro o quanto todos estavam animados para o festival que estava cada vez mais próximo. Sim, o festival de outono que ocorria todos os anos, atraindo turistas — especificamente da América do Norte — que o prefeito costumava chamar de "projeto solidário".

Já que cada atração custava um determinado valor que era pago pelos turistas e moradores de Nocturna, o dinheiro supostamente seria usado para melhorias na cidade. Nitidamente, o "projeto solidário" era fachada, já que o dinheiro nunca era para a população, mas sim para ele e sua esposa, extremamente trinta e dois anos mais nova que ele.

Ela tinha longos cabelos castanhos lisos, com apenas uma pequena ondulação nas pontas, que caíam como uma cascata sobre seus ombros largos. Sua cintura fina era sempre evidente, acentuada pelas roupas justas que ela costumava usar, geralmente em tons de vermelho, combinando com seu batom sempre destacado nos lábios igualmente finos. A população estava ciente da verdade por trás do "projeto solidário", mas parecia não dar importância. O Festival de Outono era o evento mais esperado do ano, a única época em que as pessoas conseguiam diferenciar os dias das semanas, uma vez que durante o resto do ano, todos os dias pareciam iguais. No entanto, nem todos compartilhavam o entusiasmo por esse evento. Vicky Smith parecia — e provavelmente era — a única residente de Nocturna que nunca gostou do festival de outono.

Ela estava no bar, como de costume, a caneca de suco de laranja repousada sobre o balcão, já que ela não bebia — apenas em ocasiões que ela julgava ser especiais. — Ao seu lado, Bobby, com montões de papéis de rascunhos, cada um com uma letra de música diferente.

— Está animada? — Bobby perguntou, batendo a ponta do lápis sobre a última folha de papel restante. O 'tuc tuc' fez Vicky parar de olhar a movimentação pela janela e voltar os olhos para o amigo. Um silêncio tenso pairou por um momento antes de ela responder.

— O circo chegou hoje de manhã... — Bobby continuou, seus olhos brilhando com um toque de mistério, — Vi a carroça quando saí de casa e, caramba, como é grande.

— Ah, tá! E você acha que eu me interesso em circos? — A garota riu, mas sua risada tinha um leve tremor. Ela levou a mão enluvada ao copo de suco, tomou um gole e voltou a falar, — É a mesma coisa todo ano.

— Para você é sempre a mesma coisa... — O jovem murmurou, rabiscando alguma coisa em seu papel enquanto falava, — A mesma coisa todos os anos, a mesma coisa todos os dias e blá blá blá. Mas de uma coisa você tem razão, Vicky, você fica muito melhor como palhaça de circo do que como plateia.

— Ha ha ha! — Vicky fingiu uma risada, mas o tom de deboche era perceptível. Bobby colocou a língua para fora, mostrando-a para a amiga em um ato infantil, e ela fez o mesmo.

— Agora cale a boca, se continuar falando, nunca vou terminar essa música a tempo de mandar para o prefeito.

A garota fez careta, afinal, ele que havia iniciado o assunto. Ela colocou uma mecha do cabelo chanel para trás da orelha, a franja que insistia em cair sobre os seus olhos estava começando a fazê-la pensar seriamente se realmente valia a pena não ter dado uma tesourada no dia anterior.

Bobby sempre escrevia a música de abertura do festival e a cantava todos os anos no dia da abertura, mas mesmo assim todos na cidade continuavam a esquecer dele após isso. Era assim todos os anos, Bobby não se incomodava de fato; ele tinha um ego inflado e seria capaz de ser seu único fã pelo resto da vida.

Enquanto o amigo continuava a trabalhar em sua música, Vicky voltou a observar a janela. Bem na hora a carroça do circo passou. As letras grandes e divertidas pintadas na lateral formavam a palavra "Risadas e Diversão" e logo abaixo, em números pequenos e desengonçados, o telefone da empresa.

— Ao menos chamaram um circo diferente esse ano. — Vicky pensou, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo nas mãos. — Mas que nome genérico.

Ela observou as acrobatas e palhaços saírem, uma em especial chamou sua atenção, pois o vestido era cheio de purpurina, rodado e com babados de cetim. Tinha a paleta de cores iguais à do outono em Nocturna, e o cabelo ruivo cacheado estava preso em um firme coque. Logo atrás dela, havia algumas crianças que pareciam ser bailarinas e uns palhaços com sapatos gigantes. Vicky não se deu ao luxo de observar muito os palhaços, já que tinha um medo tremendo que a acompanhava desde os seus sete anos.

— Você vai me ver cantar? — Talvez o ego de Bobby não fosse tão inflado assim, já que agora ele estava nitidamente com medo de fracassar.

— Eu sempre vou, não é? — Vicky sorriu de soslaio.

Sim, ela sempre ia. Uma das melhores memórias deles juntos era na abertura do festival, quando quase foram expulsos porque Bobby cantou uma música com uma letra considerada muito "depressiva" para a ocasião. Era engraçado pensar nisso agora, mas na época eles ficaram desesperados. Vicky não se importou muito, já que não tinha grande interesse no festival, mas o garoto se ajoelhou chorando na frente dos seguranças. Sim, foi engraçado...

— Sim, é só que... — Algo passou pela mente de Bobby algo que provavelmente só ele entenderia. Ele suspirou e abriu um lindo sorriso, exibindo seus dentes brancos e alinhados. — Que bom, achei que fosse me deixar na mão, sua tonta.

— Ah, tá! — Ela revirou os olhos brincalhona. — Nunca vou te deixar, sei que você não sobreviveria um dia sem mim.

Eles riram. Não eram tão próximos como nos anos anteriores, mas ainda tinham uma grande consideração um pelo outro.

— Está bem, está bem! — O amigo concordou, retomando sua concentração na música.

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Queria poder escrever capítulos maiores, mas a minha criatividade tá me deixando um pouco na mão esses dias. KAHDOAKSJSAK

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