Lembranças de uma jovem escritora - Carrossel Capítulo 3
Menina nova
Publicado em 20/06/2022Agora, já na escola, Bia e suas amigas conhecem uma garota nova que irá entrar para o terceiro ano. Mas será que ela é legal?
Cena 1
No caminho para a escola, meu irmão percebeu que eu estava meio avoada.
- Tá tudo bem, Bia? - Ele me perguntou.
- Tudo sim, maninho! Só estou pensando em algumas histórias para eu começar a escrever. Já terminei ´´Semente da amizade``.
- Ah, legal.
- Imagina só eu em cima de um palco, porque venci um concurso de livros! - Eu falei em um tom sonhador enquanto saltitava.
- É incrível, você consegue escrever tanto! Como se a gente já não escrevesse bastante na escola, né?
- É o amor que faz isso com a gente...
- Amor!? Blé, que nojo! - De repente Jaime pareceu perceber uma coisa. - Espera aí, quem é o garoto!? Ah, mas se ele te machucar, esse menino vai apanhar tanto, mas tanto, que vai desejar nunca ter nascido!
- Calma, Jaime! - Me apressei a interrompê-lo. - Não é desse tipo de amor que estou falando, não!
- Não? - Disse ele confuso.
- Não! Cruz credo, Jaime, Deus me livre de ter namorado pegando no meu pé!
- Ufa, ainda bem! - Ele suspirou mais aliviado.
- É o amor ao seu trabalho, Jaime. Nunca ouviu falar, não?
- Pensando bem, o nosso chefe sempre diz que ama ser mecânico e por isso não trocaria ele por nada nesse mundo!
- Viu, é esse tipo de amor que estou falando!
Jaime costumava chamar o nosso pai de chefe, mania que eu também acabei pegando com o tempo. Sempre sonhei em ser escritora, adoro fazer isso! Sem contar que sempre tem uma história na minha cabeça. Adriano (um colega de classe) e eu temos bastante coisas em comum. Os dois tem uma grande imaginação e criatividade. Não adianta, qualquer coisa, uma mínima coisinha, e eu transformo em uma enorme história de magia e fantasia. Muitos chamam o Adriano de louco, pois ele vive no seu mundinho colorido, mas eu não o julgo. Amo um mundo meu, e somente meu, onde não tem ninguém pra me encher o saco.
- Avançar
Cena 2
Ao chegarmos na escola, fui me encontrar com a Valéria, minha melhor amiga.
- Oi, Valéria! - A cumprimentei. Ela tinha um cabelo curtinho e usava uma tiara larga e colorida.
- Oi! - Ela disse de volta animadamente. Depois me puxou para um abraço bem apertado. Apertado até demais.
- Valéria, você está me enforcando... - Eu comentei meio sem ar. Minha amiga me soltou.
- Ai, desculpa, é que eu senti tanto a sua falta!
- Valéria, - Eu a olhei com seriedade e confusão. - a gente se viu semana passada.
- Senti falta mesmo assim. Por que, não posso? - E antes que eu pudesse responder, Valéria agarrou meu braço e me levou até as outras meninas.
Laura, uma garota gentil e comilona, que costumava usar duas trancinhas. Carmem, de cabelos castanhos, longos e lisos, que usava um pano na cabeça. Bibi, uma americana ruiva que gosta de usar o inglês no seu cotidiano. Marcelina, de cabelo curto também, usando uma tiara vermelha com um lacinho. Alícia, ela era considerada ´´moleca`` por gostar de futebol, skate, esportes em geral. muitas usava uma boina azul.
Marce se afastou do grupo dizendo que iria procurar pelo irmão, Paulo Guerra, um verdadeiro peste. Enquanto isso as minhas amigas e eu resolvemos brincar.
Estávamos pulando corda, quando percebi uma menina na entrada da escola, que estava usando luvinhas de renda brancas, olhando com desprezo para os alunos. Paulo, irmão da Marcelina, passou por ela a empurrando com seu ombro. Ela reclamou:
- Ai, selvagem! - A garota suspirou aborrecida. Valéria e eu ficamos olhando para ela.
Paulo voltara para dizer:
- Cai fora, tampinha! - E se afastou novamente. A menina mexeu na sua franja com cara de nojo. Valéria resolveu conversar.
- Oi, meu nome é Valéria! - E então apresentou as outras uma por uma. - Essa aqui é a Bia, essa é a Bibi, - Bibi largou a corda que estava segurando para se aproximar. - essa é a Carmem, Essa é a Alícia e essa é a Laura.
- Oi. - Disse a menina de luvas de maneira seca.
- Você é nova aqui, não? - Bibi indagou.
- Sou.
- Em que série você vai entrar? - Valéria perguntou.
- No terceiro ano. - A garota ainda estava meio aborrecida.
- É da nossa classe! - Anunciou Carmem animada.
- Tanto faz. - Falou mal-educadamente. - Eu só estou estudando nessa escola porque meu pai obrigou. Mas eu não sou obrigada a aturar essa... - Ela fez uma pausa e nos olhou com reprovação. - gentinha.
- Avançar
Cena 3
Valéria se virou para as garotas e comentou:
- Que horror, o que é isso?
- Credo. - Carmem disse.
- É melhor ela ficar bem longe da gente, porque mau humor pega! - Valéria concluiu.
- É verdade. - A Bibi concordou. - Vamos.
E nós realmente fomos embora, deixando a garota nova sozinha. Eu não me chateei com o que ela falou, pois sei que não é verdade. Mas será que a ensinaram assim, ou talvez ela passe por dificuldades em casa? Nunca se sabe.
Continua no próximo capítulo
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