
Lembranças de uma jovem escritora - Carrossel Capítulo 4
A Macarrão Sem Molho
Publicado em 05/01/2023A aula está prestes a começar e na fila para sua sala, Beatriz seu melhor amigo e seu irmão arranjam uma discussão não muito agradável.
Cena 1
Depois de um tempo as meninas e eu acabamos nos separando e fomos fazer as nossas próprias coisas. Fui para a sala de aula do terceiro ano, que no caso era a da minha turma agora. Me encaminhei até a mesa do professor e deixei um pedaço de papel muito bem decoradinho e onde eu havia escrito com uma letra (modéstia a parte) fofinha:
Bem Vinda!
Satisfeitíssima comigo mesma, ia me retirando quando minha passagem foi impedida pelo o meu colega Adriano Ramos:
- Adriano? - Olhei para ele confusa. - O que faz aqui antes da aula?
- Ah, é que eu não tinha nada de interessante para fazer então resolvi vir aqui para desenhar um pouco - Me respondeu o loiro - Mas e você? Por que está aqui?
- B-bem, eu... - Eu tinha vergonha de falar sobre a minha atitude anterior então só disse: - Nada demais. Quer conversar um pouco? Também estou no tédio.
- Não é má ideia, pode ser.
Adriano e eu somos bastante amigos por conta de nossa alta criatividade e pela a forma que agimos sobre as coisas. Temos muito em comum. Ele pensa em ser inventor algum dia e eu em ser escritora. Vou viajar para o Canadá ter uma família ( Sem marido, é claro) enquanto meus livros fazem sucesso. E quando meu pai tiver que se aposentar eu banco parte do dinheiro para os Palillo caso seja preciso. Apenas uma parte pois Jonas vai ser um membro de uma banda muito conhecida e vai ganhar bastante dinheiro e Jaime será um jogador de futebol mundialmente famoso ou um mecânico aclamado por todo o Brasil. Nossa família jamais irá passar por dificuldades financeiras. E é claro que vou vir visitar meus irmãos e meus pais de vez em quando. Pensando bem, talvez eu deva levar eles para morar no Canadá comigo. Mamãe e Jonas se adaptam muito bem a mudanças então eu acho que está tranquilo. O difícil vai ser convencer o papai, mas com algumas insistências tenho certeza de que ele vai concordar. E sobre o Jaime ele comentou comigo outro dia que ele iria gostar de conhecer mais países além do nosso.
Viu? Nada tão complicado. Se bem que os adultos vivem falando que nada na vida é simples, então é melhor eu estar preparada para qualquer tipo de situação.
- Ambiciosa nossa Bia, não?
Cena 2
De repente, nós dois ouvimos o sinal tocar e imediatamente corremos até o pátio para entrar na fila. Fui até o meu irmão puxando Adriano junto de mim. Ao nos avistar indagou:
- Onde vocês estavam? Eu estava procurando você, Bia!
- Ah, maninho, é que eu estava trocando algumas ideias com o Adriano na sala de aula -
Me expliquei. - Sabia que eu agora tenho um monte de ideias para a minha história? Começando pelo...
Eu provavelmente ia desatar a falar de tudo e mais um pouco sem conseguir parar se Jaime não tivesse me interrompido:
- Bia, eu sei que 'cê adora esse tipo de assunto e tudo mais, mas sinceramente? Isso é muito chato.
- Eu não acho! - Adriano se apressou a me defender.
- Só você, né?
- Não é verdade! - Contestei. - A Carmem, a Marcelina e o Daniel também adoram!
- Tá, tanto faz - Jaime respondeu querendo acabar com o assunto. - Vamos conversar sobre coisas mais interessantes como... Ei, o que está acontecendo ali?
Meu irmão apontou para frente, onde se reuniam Paulo, Cirilo e Laura bem mais distantes de nós. A falação que havia no lado do fim da fila não nos permitia ouvir muito da conversa. Ou melhor, da discussão. Aquilo lá não era uma convençãozinha amigável nem aqui e nem na china. Mas Firmino (o melhor zelador de escolas do Brasil) se aproximou e não deixou a briga persistir.
Nada que fizesse algo de diferente na minha vida.
Sugeri que arranjássemos algum assunto para falar sobre e Jaime disse:
- Tenho uma ideia melhor.
- Qual? - Adriano o fitou com curiosidade.
- Essa.
- Avançar
Cena 3
Ainda não estávamos exatamente na fila por pura distração. Então Jaime envolveu o meu pescoço com um de seus braços e com o outro envolveu o de Adriano, nos puxando até a frente dela dessa forma um tanto quanto bruta.
- Jaime, nos solte, por favor - Pedi olhando para ele ao chegarmos lá.
- Por que?
- Porque isso machuca, Jaime.
- Hum, não sei se estou afim, não - Ele me olhou com desafio e diversão no olhar.
- Jaime - O encarei com seriedade. Ele percebeu que eu não estava realmente gostando e optou por soltar a nós dois. Até porquê ele era irritante, não covarde para machucar a própria irmã e amigo.
Meu olhar se voltou para a garota que as meninas e eu havíamos cumprimentado na entrada da escola. Ela nos olhava com desprezo. Íamos dar a volta para provavelmente até o fundo (não me pergunte porquê nos fomos até o começo da fila só para voltar ao fim, isso é coisa do Jaime que era quem praticamente nos guiava naquele momento)
- E esse daí é um selvagem - Criticou com arrogância.
Me dirigi à menina de maneira nada contente.
- Olha aqui, loirinha azeda, quem você pensa que é para falar assim do meu irmão, hein?
- Ele é seu irmão? - Debochou apontando para Jaime. - Que dó de você.
- Dó sou EU quem vai ficar se você repetir uma coisa daquelas de novo.
- Vixi, pelo visto puxou a Natureza dele, meu Deus - Riu de escárnio enquanto revirava os seus olhos verde-acastanhados.
Eu não me importo tanto que falem de mim (até porquê eu sei que sou linda, perfeita e maravilhosa) mas quando falam das pessoas que eu amo eu alfineto por elas. O meu irmão faz o mesmo, principalmente comigo, por isso ele se meteu:
- E você que parece um macarrão sem molho! - Falou grosseiramente. Adriano gargalhou com o apelido. - Toma cuidado com o jeito que você fala com a minha irmã, vê se fica esperta.
A metidinha emburrou a cara fazendo biquinho e a virou para o lado. O Sr. Firmino passou por nós dizendo:
- Vamos, crianças, para a sala de aula.
Continua no próximo capítulo
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