Lembranças de uma jovem escritora - Carrossel
L

Lembranças de uma jovem escritora - Carrossel Capítulo 6

Bem-Vinda ao inferno.

Publicado em 09/01/2023

Beatriz suspeita de Paulo e Kokimoto. Com Valéria, acham mais uma nova surpresa para o primeiro dia de aula normal.

Continua depois da publicidade

Cena 1

Jaime me abandonou para conversar com os outros meninos e eu fiquei em uma das carteiras na minha. Suspirei frustrada.

"Quanta monotonia". Pensei com aborrecimento. E é terça-feira, então se o horário das aulas for parecido com o do ano passado a a primeira matéria do dia vai ser história. Não me leve a mal mas a professora Eduarda ensinava história de uma maneira tão chata, que eu passei a não gostar tanto desse tipo de aula. E por isso eu estava torcendo para que o horário fosse bem diferente esse ano. O tédio havia passado nessa manhã já era o bastante.

Meus olhos pararam em Kokimoto Mishima e em Paulo Guerra que conversavam entre eles. Paulo sorria para o ruivo que estava em pé na frente da mesa dele. Ia vir bomba. E veio mesmo, mas já já eu te conto qual foi. Sinceramente, aquela amizade é do capiroto.

Paulo colocou um uma folha de desenho em cima de sua carteira. Parecia interessante, mas parei de prestar atenção neles por achar que era uma bobeira ficar observando os demônios que vieram em forma de crianças para aterrorizar o planeta terra.

De repente senti vontade de ir no banheiro e estava atravessando a porta da sala quando Valéria me alcançou:

- Onde você vai, amiga? - Perguntou-me com curiosidade.

- Vou ver com o Sr. Firmino se posso ir no banheiro - Respondi me virando para ela.

- Ah, então vou com você! - Disse sem rodeios.

- Por que, isso? - Indaguei confusa com sua declaração.

- Porque estou com vontade também, oras! Vamos logo antes que a aula comece!

Continua depois da publicidade
  • Avançar

Cena 2

Tivemos que insistir um pouco, mas o Sr. Firmino acabou nos deixando ir ao banheiro desde que não demorássemos muito. Ao chegar lá, entre as portas do banheiro feminino e do masculino vimos uma menina que não tinha muitos anos de diferença do nosso e um menino do quinto ano (tinha quer ser, sempre é um menino do quinto) que parecia estar implicando com ela. Valéria e eu fomos em direção à ele:

- O que você está fazendo? - Perguntei já tomando uma pose intimidadora.

- Isso é do interesse de vocês, pirralhas? - Nos encarou com um olhar ameaçador.

- Se não fosse, não estaríamos perguntando! - Valéria retorquiu pondo as mãos em sua cintura como se fosse uma mãe ralhando com o filho.

- Áh, lá! As menininhas estão querendo brigar!

Minha perna se levantou atingindo "aquela parte", o que o fez se curvar por causa da dor que sentiu. O garoto mal-criando estava vindo para cima de mim quando a garota que estávamos defendendo entrou na minha frente. De repente, ele pareceu reparar no que estava prestes a fazer e voltou uns três passos para trás.

- Sorte a de vocês não serem meninos! - Falou antes de simplesmente ir embora.

Valéria se virou para observá-lo a sair do ambiente e voltou a olhar-nos indignada:

- Mas que menino abusado!

- Esperava o que do quinto ano, Valéria? - Me dirigi à minha amiga. Olhei para a menina: - Oi, tudo bem?

- Agora sim, obrigada. Mas eu já ia embora enquanto ignorava ele, então não precisavam ter se dado ao trabalho - Respondeu sorrindo para nós.

- Precisávamos, sim! - Valéria contestou imediatamente. - Temos que colocar esse tipo gente no seu lugar! Coisa que a Bia faz muito bem!

- Own, obrigada, amiga! - Agradeci com um sorriso fofo. - A propósito, você é aluna nova? - Indaguei para a outra.

- Na verdade sou, sim! - Disse animada, mas logo depois entristecendo-se: - Só que não consigo achar a minha sala. Ocorreram alguns imprevistos e eu cheguei um pouco atrasada. Fiquei desesperada, não posso levar advertência já no primeiro dia! E era por causa do meu desespero que aquele garoto tirou com a minha cara...

- Ah, mas que menino mais...! - Valéria recomeçou a se estressar.

- Valéria, calma - A repreendi. - Ele já foi! Não tem porquê ficar de cabeça quente!

- A Bia tem razão - Apoiou-me a menina nova. - E estresse causa rugas.

Fiquei meio incomodada pelo o fato da garota me chamar de Bia sem ter alguma intimidade comigo, mas resolvi ficar quieta para não parecer chata. É que geralmente eu não gosto de pessoas que me chamam pelo o apelido como se fosse próxima à mim. Me deixa desconfortável, mesmo que eu seja uma garota que ame se socializar.

- Vocês duas tem razão - Valéria concordou respirando fundo. - Sem contar que eu não mereço cansar minha beleza com esse "zé-ninguém" daí.

- É assim que se fala - Ri enquanto dizia isso. Valéria tem cada uma... - Mas Valéria, acho melhor irmos logo ao banheiro, se não vamos perder a aula!

- Vixi! Verdade...

- As aulas ainda não começaram!? - A garota comentou com um tom esperançoso em sua voz.

- Bem, a nossa ainda não pelo menos... - Falei. - De que classe você é?

- Terceiro ano.

- Bia, é a nossa! - Valéria olhou para mim com empolgação.

Continua depois da publicidade
  • Avançar

Cena 3

Após Valéria e eu usarmos o banheiro o mais rápido possível, acompanhamos a nossa nova colega (que descobrimos se chamar Zoe Silva, e graças ao senhor das crianças escritoras modernas era bem longe de ser que nem a Maria Chatonil- Joaquina). Corremos o mais rápido possível já que tínhamos ficado de papo-furado por tempo até demais. E para que Zoe pudesse nos acompanhar uma foi puxando a outra e a ordem foi assim: eu puxava a Valéria, que era quem puxava a Zoe.

Ao finalmente chegar na nossa sala, eu estava certa de que não teria professora e diretora nenhuma lá, mas como o universo adora sacanear nós pobres crianças que nunca tem culpa de nada, eu errei feio.

Demos de cara com uma mulher jovem e muito bonita, provavelmente nossa nova professora. Por que ela estava sorrindo? Tinham demônios aterrorizadores de planetas (ao menos aterrorizadores do nosso, já que como os outros tiveram a bendita sorte de não terem que abrigar seres-humanos) na classe dela!

Se tivesse sido apenas a professora tudo bem! Mas ela tinha que estar lá, também. Sim, ela. A temida e adulta demais diretora Olívia Veider. E ela nos encarava de uma maneira terrível.

- Bem-vinda ao inferno - Sussurrei para Zoe.

- Inferno!? - Espantou-se ela.

- Sim - Senti que deveria me explicar melhor então incluí: - É que nós somos os demônios.

Sorri um pouco orgulhosa daquilo. Só um pouquinho.

Continua depois da publicidade
Gostou do capítulo?

Continua no próximo capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo!

<33

- Tônia_Raposinha
Não perca o próximo capítulo!

Tônia_Raposinha ainda não publicou o próximo capítulo.


Adicione à sua biblioteca para ser notificado(a) de novas publicações!

Anterior
O que você achou deste capítulo?
Cancelar